O Itamaraty avaliou com cautela a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta sexta-feira (1º), de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "pode falar comigo quando quiser". De acordo com o G1, diplomatas brasileiros consideram que houve um gesto simbólico, mas ponderam que ainda é cedo para afirmar se existe um canal de diálogo político efetivo entre os dois líderes.

A frase de Trump foi dita após questionamento da repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo, e veio em um momento de tensão entre Brasil e EUA. Na última quarta-feira (30), Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e sancionou o ministro do STF Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. As medidas geraram forte reação do governo brasileiro, que tenta reaproximar os dois países por meio de negociações diplomáticas.

Segundo fontes do Itamaraty, a fala de Trump pode indicar uma mudança no cenário após semanas de dificuldades para estabelecer contato com a Casa Branca. Ainda assim, diplomatas lembram que uma ligação entre chefes de Estado exige articulação prévia, definição de pauta e sinalizações concretas de ambos os lados para que o diálogo seja realmente possível.

'Acho ótimo' - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também comentou o aceno de Trump, classificando-o como “ótimo”. “Eu acho ótimo, né? E a recíproca eu tenho certeza que é verdadeira também. O presidente Lula estaria disposto a receber um telefonema dele quando ele quisesse também. E, conforme eu já disse anteriormente, é muito importante a gente preparar esse encontro, preparar essa conversa”, afirmou. Haddad destacou ainda que negociações com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, devem ocorrer em breve para tratar das tarifas e da sanção ao ministro Alexandre de Moraes.