Legitimidade de Alexandre de Moraes fraturada
O silêncio de oito ministros do STF, na sessão de desagravo a Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira, diz mais que os discursos. A crise deixou de ser uma reação externa e se tornou, definitivamente, um impasse interno. Moraes, isolado, fez um pronunciamento duro. Apontou a existência de uma organização criminosa no exterior, acusou réus de articulações para sanções econômicas ao Brasil, denunciou ameaças e alegou tentativa de extorsão institucional.
O tom foi pessoal, político e defensivo — uma fala mais de investigado em crise do que de magistrado em posição serena.
O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, e o decano, Gilmar Mendes, adotaram um tom institucional. Defenderam a democracia, a soberania nacional e o papel da Corte na contenção de ameaças autoritárias — especialmente após os eventos de 8 de janeiro de 2023. Ambos tentaram projetar estabilidade.
Falaram em legalidade, devido processo legal, imparcialidade e transparência. Tudo o que não existe, mas precisa ser conquistado com contenção, respeito às normas legais, coerência institucional.
O silêncio do restante da Corte diz mais que os discursos. A crise deixou de ser uma reação externa e se tornou, definitivamente, um impasse interno.
A legitimidade de Moraes ficou visivelmente fraturada entre seus pares.
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, sanções a Moraes, Trump

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.