Hotel em Belém muda nome para 'COP30' e cobra até R$ 5,6 mil por diária

A cem dias da COP30, que será realizada em Belém, no Pará, a rede hoteleira da capital enfrenta críticas internacionais por reajustes excessivos nos preços. Um dos casos que mais chamou atenção, segundo o jornal O Globo, foi o do antigo "Hotel Nota 10", que mudou de nome para "Hotel COP30" e passou a cobrar diárias até 80 vezes superiores ao valor praticado anteriormente. Em abril de 2023, a diária custava R$ 70. Agora, para o período da conferência, o valor anunciado no Booking chega a R$ 5.670 por noite.
A mudança de nome e o aumento de preços foram confirmados por representantes do estabelecimento, que alegam que o espaço foi reformado e vendido. Segundo a gerência, os valores acompanham a média praticada por outros hotéis durante o evento. O gerente Alcides Moura declarou que grandes hotéis também estão com preços elevados e questionou a razão pela qual pequenos estabelecimentos não poderiam adotar a mesma estratégia de mercado.
A reação internacional não tardou. Uma reunião de emergência foi convocada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o impacto da alta nos preços das hospedagens. Durante o encontro, diplomatas chegaram a sugerir a transferência da COP30 para outra cidade, fato confirmado pelo presidente da conferência, André Corrêa do Lago. Apesar da pressão, ele garantiu que não há plano B: a COP30 será mantida em Belém.
Em resposta às críticas, representantes do setor hoteleiro local afirmam que têm buscado soluções. Eduardo Boullosa, do sindicato da hotelaria de Belém, afirma que está comprometido com tarifas acessíveis para delegações de países em desenvolvimento. Tony Santiago, da ABIH-PA, responsabilizou a Secretaria da COP30 por não ter lançado, em tempo hábil, a plataforma oficial de hospedagem, que só foi ao ar nesta sexta-feira e ainda apresenta instabilidades.
O hotel "COP30", alvo da polêmica, afirmou que nenhuma reserva foi efetivamente confirmada até o momento, apesar da oferta estar disponível online. Localizado a pouco mais de seis quilômetros do Centro de Convenções da Amazônia, onde ocorrerá a maior parte dos encontros, o hotel disse que ainda avalia as propostas recebidas. A crise em torno da hospedagem é mais um desafio logístico para o Brasil na organização de um dos eventos climáticos mais relevantes da atualidade.
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